O que nasce do chão rachado do Vale do Jequitinhonha pode até parecer simples, mas carrega uma força ancestral que ecoa além das serras. Foi com essa potência que um curta-metragem produzido na região conquistou os olhos do público no Festival de Cannes 2025 — um dos eventos mais prestigiados do cinema mundial. Sediado na França, o festival homenageia neste ano o Brasil, escolhido como país de honra.
No maior mercado de cinema do mundo, o curta-documentário “Viúvas de Maridos Vivos” levou a poesia e a resistência do Vale do Jequitinhonha até Cannes, integrando a mostra paralela International Cell Phone Cinema Showcase, dedicada a obras produzidas com dispositivos móveis.
Dirigido por Diego Kelman Ajuz e produzido pela UZ Productions, o filme é inspirado na série de pinturas homônima do artista mineiro Leandro Júnior, natural de Chapada do Norte. A obra retrata mulheres que vivem sozinhas enquanto seus maridos migram em busca de trabalho — uma realidade comum na região.
A exibição aconteceu no Eden Hotel Theater, em Cannes, e contou com a presença do diretor Diego Kelman, da codiretora Jussara Costa, de Minas Novas, e da produtora executiva Renata Lobo. A produção integra um projeto maior, que inclui também um longa-metragem em desenvolvimento, ampliando a visibilidade das histórias do Vale. Paralelamente, Leandro Júnior exibe duas obras na galeria RX&SLAG, em Paris, produzidas durante residência artística em Lisboa.
“Viúvas de Maridos Vivos” é um exemplo de como narrativas regionais podem alcançar reconhecimento internacional, revelando a riqueza cultural do interior do Brasil. Porque, quando a câmera se volta para o interior do país — e o interior se vê no cinema — é o mundo inteiro que descobre um novo centro.
Por Luiz Fernando | Imagens Reprodução Redes Sociais
